Filme
Roda Gigante. Escrito e dirigido por Woody Allen. Com Kate Winslet, James Belushi, Justin Timberlake, Juno Temple. Este filme de 2017 retrata a década de 1950, numa praia com um parque de diversões meio falido mantido por um homem simples que gosta de pescar e é brutamontes (Belushi), amigado com a garçonete interpretada por Winslet e que, à beira dos 40 anos, se encontra entediada e amargurada, tendo que lidar com um filho pequeno piromaníaco, fruto do seu primeiro casamento, com um baterista de jazz. Ela apaixona-se por um salva-vidas e vive um tórrido caso de amor. Mas o fator complicador é a chegada da filha mais velha de Belushi, fugida do marido gângster. Não conto mais para não estragar a surpresa do enredo muito ao estilo das tramas conflituosas do seu diretor. Nota 10 de excelente!
Livro
A Educação Sentimental. De Gustave Flaubert. Um dos clássicos da literatura. Este livro publicado em 1869 retrata a vida de Fréderic Moreau, jovem que sai da província de Nogent-sur-Seine para cursar Direito em Paris. Amigo de Deslauriers, apaixona-se por uma mulher casada (Senhora Arnoux) e acaba frequentando a casa do seu marido, de quem é amigo. O Senhor Arnoux é um comerciante trambiqueiro e que vive fugindo dos credores. Alguns personagens se destacam nesse romance realista: o dono do armazém Dussardier, Sénécal, um jovem estudante socialista revoltado com a burguesia, Rosanette, a cortesã cabeça oca, o Senhor Dambreuse, grande industrial e político influente e Hussonet, jornalista, poeta e amigo de Sénécal. Estes e outros. Flaubert, a exemplo do que fez em Madame Bovary, aqui se reveste como o grande psicólogo de almas e denuncia as mazelas e hipocrisias de uma sociedade doente. Um livro que me acompanhou durante quase um mês, proporcionando-me boas reflexões e risadas acerca das aventuras e desventuras de seu protagonista. Nota 10 de excepcional!
Filme
W50 PRODUÇÕES
Até o Fim, dirigido por Jay Roach, com Bryan Cranston, Anthony Mackie, Melissa Leo. Trata-se de um filme político, um drama e biografia do vice de Kennedy, Lyndon Johnson, que assume o país após o assassinato do presidente. Figura pouco carismática e até meio roceiro, Johnson tem que administrar conflitos, sendo o maior deles as demandas do advogado e pastor Martin Luther King (que tinha acesso a ele) e administrar a raiva incontida de J. Edgar Hoover, o todo poderoso do FBI que não engolia Luther King. A ponto do presidente Johnson exclamar com seus assessores: “Meu Deus, será que Hoover tem um problema patológico com o pastor?”. O filme é excelente, pois trata dos bastidores do poder, do pisar em ovos e dos conchavos para se tomar determinadas decisões. Indico também os filmes biografias de King e Hoover, este brilhantemente interpretado por Leonardo DiCaprio e que teve a direção de Clint Eastwood. Nota 10 este Até o Fim!
Livros
Grandes Esperanças. De Charles Dickens (Saraiva de Bolso, 2014, 641 p.). Interessante como cheguei a este livro. Na rodoviária de Ouro Preto, existe uma prateleira com livros doados e estando eu às vésperas de viajar para Conselheiro Lafaiete, escolhi este presente. Comecei a ler no ônibus mesmo. Parabéns à prefeitura de Ouro Preto pela iniciativa! Charles Dickens é um clássico da literatura inglesa e universal. Neste livro, que é um romance, ele conta a história de Pip, menino órfão que vive com a sua irmã, aguentando toda sorte de insultos. Uma vida miserável, somente atenuada pelo esposo de sua irmã, que é ferreiro e uma pessoa de excelente coração. As aventuras de Pip começam quando ele encontra um degredado fugido e cai nas graças da reclusa e rica Sra. Havisham. Aos poucos, o mocinho recebe o comunicado de um advogado, Mr. Jaggers, notificando-o de que Pip passará a receber uma pequena fortuna, mas que o advogado deveria manter em sigilo o doador. É o que basta para que ele saia da província e vá buscar instrução em Londres. O romance é denso e muito emocionante, pois trata de questões como: avareza, dissimulação e jogo de cena entre pessoas da sociedade hipócrita. Mas revela também a generosidade genuína e os elos se fecham para concluir um livro simplesmente… magistral! Nota 10!
Fonte: https://www.traca.com.br
O Caso Sonderberg (Bertrand Brasil, 2010, 207 p.). Romance do escritor judeu Elie Wiesel, vencedor do Nobel de Literatura de 1986. Colunista de teatro de um jornal nova-iorquino é alçado a cobrir um julgamento onde um jovem alemão é acusado de ter assassinado o seu tio, durante uma estada nas Montanhas. O caso é dúbio e à medida em que o repórter vai se inteirando da trama, investiga aspectos de sua própria vida, suas dúvidas e anseios. Lendo alguns autores judeus, é notório perceber que as feridas do Holocausto ainda não estão cicatrizadas, pois, sempre acabam inserindo aspectos reais aos seus enredos fictícios. Elie Wiesel (1928-2016) foi um sobrevivente dos campos de concentração. Voltando ao livro, até que ponto o jovem acusado é culpado pelo fato de ser alemão? É esse o impasse ético pelo qual passa o protagonista, Yedidyah, e os leitores vão se envolvendo com o desenrolar da história. Bom!
Coração de Vidro (Melhoramentos, 1969, 79 p.). De José Mauro de Vasconcelos. Livro de contos infantis que tem como personagens um peixe de aquário, uma árvore, um passarinho e um cavalo. Histórias lúdicas e sentimentais, que nos enlevam e nos fazem respirar os ares das fazendas, e toda a morte de quando perdemos esse contato para vivermos vidas confinadas. O livro é fantástico e, ao lê-lo, senti que nós, adultos, não podemos perder nunca de vista traços do nosso espírito infantil. José Mauro é autor do clássico Meu Pé de Laranja Lima.
Filme
Era uma vez em… Hollywood. Do diretor Quentin Tarantino. Com Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Al Pacino, Dakota Fanning, Luke Perry, Damian Lewis, Kurt Russell, Mike Moh e outros. Quentin Tarantino é um aclamado diretor que possui a característica de recontar histórias, readaptando desfechos e possui como marca o excesso de violência ao final dos seus filmes, com o sangue esguichando pelas telas. Aqui, o centro da história é um ator de filmes B de Hollywood que está passando por uma crise existencial (DiCaprio), e que tem como único amigo o seu dublê para cenas arriscadas (Brad Pitt). Este último é mal visto pelos diretores de Hollywood, pois paira sob ele a suspeita de que tenha assassinado a sua esposa, que estava enchendo a sua paciência num veleiro. O roteiro não diz que sim nem que não, mas apresenta-o com o arpão enquanto a sua mulher o insulta. Este par de atores mora na área nobre de Hollywood, e são vizinhos de Roman Polanski (o queridinho de todos àquela época, aclamado com o filme O Bebê de Rosemary e casado com uma deslumbrante loura). Aí é que converge a história. Na vida real, ocorreu uma tragédia com o assassinato de sua esposa, que estava grávida. Mas não irei contar aqui os rumos que Tarantino dá para a sua obra de arte. Drama e violência, o filme apresenta cenas hilariantes, como DiCaprio revoltado consigo mesmo no camarim devido ao fato de não conseguir decorar suas falas e Pitt que ri de Bruce Lee (que estava dando aulas no set) e ambos se atracam numa luta que ocasiona uma porta amassada do carro da mulher do diretor, que simplesmente detestava o dublê. Enfim, o filme é simplesmente fantástico e foi mais que merecido o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para Brad Pitt. Escrever bem de Tarantino é meio “chover no molhado” para mim, pois sou macaco de auditório do diretor.
A Vida Breve, do uruguaio Juan Carlos Onetti (Planeta, 2004, 319 p.). Romance. Confesso que tive um pouco de dificuldades no início deste livro. Cheguei até a recorrer a algumas resenhas na Internet e após ler algumas, tive a paciência e dei seguimento à leitura. O romance é imbrincado, mas à medida que se desenrola a história passa a ficar interessante. Como já li outro livro do autor, o Junta-Cadáveres, deu para perceber certo interesse pelos personagens fracassados, num existencialismo cru e sem transcendências. Neste A Vida Breve, um marido preocupado com a enfermidade da mulher (que perde um seio) se imagina como amante da vizinha, confrontando o seu cafetão; e criando uma narrativa que tem como personagem um médico que possui como pacientes um casal de viciados em heroína. São personalidades fragmentadas e foi por isso que chegou a me confundir em alguns trechos. Mas, ao final da leitura, a satisfação de ter adentrado a uma história tão rica. Excelente!
Filme
O Irlandês. Dirigido por Martin Scorsese. Com Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci, este filme de gângster de três horas e meia apresenta um caminhoneiro tosco que resolve tudo na base da pancada (De Niro), até que é cooptado para fazer parte do quadro de funcionários de um mafioso (Pesci). Ao longo da trama, são apresentados ao sindicalista e também gângster (Al Pacino), numa atuação bem-humorada advinda de sua irritação de quando atrasam em suas reuniões e chegam para as mesmas de bermudas. Vale a pena atentarem-se para estas passagens. Um filme que remete a clássicos tais O Poderoso Chefão e Os Bons Companheiros. Indicado a vários prêmios no Globo de Ouro, prévia do Oscar, não levou nenhuma estatueta. Filme excelente, com a grife de excelentes atores e a direção de Scorsese.
Fonte: https://www.amazon.com.br
Quatro Estações em Roma, de Anthony Doerr. (Intrínseca, 2017, 238 p.). Com o subtítulo Memórias de um escritor americano na Itália, o diário narra os desafios de um escritor que ganha uma bolsa literária em Roma, ao mesmo tempo em que é pai de primeira viagem, de gêmeos, e nesta aventura ele desmistifica o glamour de se morar na Itália: dificuldades com a língua, o clima etc. Mas é claro que o período acaba sendo propício para leituras e notas para um romance, sempre adiado. Mas o interessante é que saiu publicado este diário. Não fui a Roma ainda, pretendo fazê-lo em breve, e o mais bacana do livro é que me permitiu viajar pelo You Tube com os cenários descritos. Enfim, adorei “viajar” e ler o livro. Excelente!
Bufo & Spallanzani, de Rubem Fonseca. (Companhia das Letras, 1994, 238 p.). Romance policial deste escritor que é excelente! Madame ricaça se envolve com um escritor e é assassinada. Logo as suspeitas do delegado Guedes recaem sobre ele, assim como o marido traído. O livro é narrado a partir do ponto de vista do escritor, com reflexões interessantes sobre o ofício de escrever. Gostei bastante das descrições de algumas ruas do Rio de Janeiro, até por conhecê-las. Como um bom policial, o suspense permeia toda a obra e no final revela um assassino insuspeito, pelo menos na excepcionalidade das intenções. Nota 10!
Fonte: http://rubensfonseca1ma.blogspot.com/
CD
Não Vejo a Hora, de Humberto Gessinger. Oba! O aguardado disco de inéditas de Humberto. Com letras inteligentes, cheias de trocadilhos e figuras de linguagem, com um instrumental intimista em canções que não colam fácil em refrões bobinhos. O set list do CD é: Partiu, Um Dia de Cada Vez, Bem a Fim, Algum Algoritmo, Calmo em Estocolmo, Olhou pro Lado Viu, Fetiche Estranho, Maioral, Estranho Fetiche, Outro Nada e Missão.
Filme
Coringa. Direção e roteiro por Todd Phillips. Scott Silver também assina o roteiro. Com Joaquin Phoenix (brilhante no papel título), Zazie Beetz, Robert De Niro, Marc Maron e Brett Cullen. Um filme espetacular, com forte carga emocional e que nos faz torcer para o que viria a ser o vilão de Gothan City. Uma cidade que é uma metáfora de muitas metrópoles ensandecidas dos dias atuais. Ator e comediante frustrado, Arthur Fleck vive um inferno astral e é solenemente desprezado por todos. Esquizofrênico e deprimido, com vida social nula e convivendo com uma mãe decadente, sonha com os holofotes de uma carreira artística que nunca chega. Até que se faz notar por atos de extrema violência, provando que a dita sociedade civilizada carrega em si vários aspectos contraditórios. Uma atuação ímpar de Joaquin Phoenix, que emagreceu 23 quilos para fazer o personagem. Não é julgar quem é melhor que quem, mas recordei com saudades do Coringa do ator Heath Ledger, para mim a maior interpretação do cinema de todos os tempos.
Livros
Fonte: https://www.saraiva.com.br
Elogio da Madrasta, de Mario Vargas Llosa. Selo Ponto de Leitura, editora Objetiva, 179 páginas. Nesta curta novela, o consagrado escritor peruano vencedor do Nobel narra o ardil de um adolescente, quase criança, Alfonso (Fonchito) seduz a madrasta Lucrecia sob os olhos do pai, Don Rigoberto. Misto de narrativa clássica e pueril, a novela nos conduz para as teias da sedução e a ver a prosa elegante do autor, o saldo é uma leitura instrutiva e pra lá de divertida. Dele indico também Conversa na Catedral, Os Chefes, Travessuras da Menina Má e Tia Julia e o Escrevinhador
Filme
Sete Dias em Entebbe. Dirigido pelo brasileiro José Padilha, com Daniel Brühl, Rosamund Pike, Eddie Marsan, este filmaço é um suspense e drama que aborda um fato real: o sequestro de um avião da Air France em 1976 por um grupo guerrilheiro alemão que, ideologicamente, lutava para defender os palestinos da opressão dos judeus. O voo é desviado e aterrissa em Uganda, do ditador Idi Amin Dada. Um filme tenso do início ao fim, a dicotomia entre ser um ideólogo e pessoa de ação e o tabuleiro de xadrez das relações diplomáticas. A temível e respeitada Mossad intenta o resgaste em solo ugandês e as cenas retratam personalidades que ainda hoje governam Israel. Nota 10!
O Cônsul Honorário (Círculo do Livro, 278 páginas), de Graham Greene. No interior da Argentina, um grupo de guerrilheiros intenta sequestrar um cônsul inglês, mas erram o alvo e acabam sequestrando um cônsul honorário, Charley Fortnum, um zero à esquerda e bebedor contumaz de uísque. Um médico, Eduardo Plarr, tem um relacionamento com a jovem esposa do sequestrado, Clara, que trabalhava como puta numa casa de prostituição. Plarr é amigo de Fortnum, e por coincidência conhece alguns membros desse grupo de guerrilha. Intercede pelo cônsul e se envolve demais no sequestro. Médico frio e racional, sem acreditar no amor e por vezes ácido e irônico, vê a vida passar sem notar sentido algum. Numa das breves passagens que me identifiquei, é quando ele vai visitar a mãe na movimentada Calle Florida, em Buenos Aires (quando estive na cidade, hospedei-me nesta rua). Um dos mais importantes escritores ingleses de todos os tempos, Graham Greene é um romancista que nos prende do início ao fim. Dele, já li também Fim de Caso, que foi transposto para o cinema, tendo Ralph Fiennes e Julianne Moore como atores principais. Excepcional este O Cônsul Honorário! Observação: somente após lê-lo, soube que também foi transposto para o cinema. Assistirei em breve a este filme de 1983, com Richard Gere e Michael Caine.